Texto de Catarina Portas (Junho 2010):
Inaugurado em Setembro de 2009, já recebeu mais de 100.000 visitantes. Mereceu-os todos, este Museu que prefere chamar-se Casa das Histórias de Paula Rego e é o lugar do encontro vibrante entre a obra do nome mais internacional da pintura portuguesa contemporânea e o risco famoso do arquitecto Eduardo Souto Moura. Em Cascais, não foi um acaso e continua a ser um acontecimento.
Paula Rego nasceu em Lisboa mas viveu a maior parte da sua vida em Londres, desde que foi estudar para a Slade School of Fine Art em 1952, contava 17 anos. No entanto, o imaginário da sua pintura nunca deixou Portugal, "€œtrouxe tudo de Portugal"€, já disse ela. Faz sentido por isso que este primeiro museu dedicado à sua obra tenha nascido aqui, onde a pintora viveu a sua infância e adolescência, como quem volta a casa.
A primeira vez que aqui entrei, acabava-se a construção. Ao longe, a primeira visão do edifício, com a forma bizarra para a qual muito contribuem as duas torres piramidais e a bela cor do betão colorido a pigmento vermelho, já anunciava o espírito de uma obra que balança entre a brutalidade e a beleza. Depois, chegaram os desenhos, as gravuras e os quadros, pastéis e óleos, alguns deles os mais fortes e conhecidos da obra desta pintora que se tornou em 1990 Primeira Artista Associada da National Gallery de Londres. A primeira exposição, dedicada ao percurso artístico de Paula Rego ao longo dos últimos 50 anos, exemplifica bem a evolução da sua técnica e experimentação tal como a perenidade da sua inspiração. A força bruta e misteriosa das suas obras é imensa, de facto, como imenso é o poder de sedução das suas figuras domésticas ou infantis encenadas com alguma malícia ou mesmo muita perversidade. Quando os jornalistas lhe pedem que fale sobre os seus quadros, Paula Rego costuma por-se a contar histórias. Podem ser as que ouviu ou lembra da sua meninice mas também as que leu nas recolhas de contos populares portugueses de Leite de Vasconcelos e que tanto a influenciaram. "Não é preciso não ter medo"€, disse a pintora numa entrevista recente, desarmante como sempre. (...)
Entretanto, não faltam motivos para continuar a voltar. Além de uma cafetaria de solar esplanada e de uma loja deliciosa, com muitos produtos exclusivos e uma excelente secção de livros de arte, a Casa das Histórias oferece programas educativos para todos, miúdos ou graúdos. Existem visitas guiadas, com marcação prévia pelo telefone ou na recepção do Museu. E diversas actividades especiais como o evento "Conta-me Histórias" que, a partir da obra da pintora explora a literatura. Todos os fins-de-semana há também cinema no auditório, sempre às 17h00, especialmente documental. Palestras, encontros e conferências também são um convite para aqui regressar. E, nos fins de tarde de Verão, é na esplanada e nos jardins que se programam concertos e actividades. Muitos motivos e muitos acontecimentos, muitas visões e experiências sensoriais para que quem deixe a Casa de Paula Rego tenha sempre a sua história para contar.
2014-06-03
Texto de Catarina Portas (Junho 2010):
Inaugurado em Setembro de 2009, já recebeu mais de 100.000 visitantes. Mereceu-os todos, este Museu que prefere chamar-se Casa das Histórias de Paula Rego e é o lugar do encontro vibrante entre a obra do nome mais internacional da pintura portuguesa contemporânea e o risco famoso do arquitecto Eduardo Souto Moura. Em Cascais, não foi um acaso e continua a ser um acontecimento.
Paula Rego nasceu em Lisboa mas viveu a maior parte da sua vida em Londres, desde que foi estudar para a Slade School of Fine Art em 1952, contava 17 anos. No entanto, o imaginário da sua pintura nunca deixou Portugal, "€œtrouxe tudo de Portugal"€, já disse ela. Faz sentido por isso que este primeiro museu dedicado à sua obra tenha nascido aqui, onde a pintora viveu a sua infância e adolescência, como quem volta a casa.
A primeira vez que aqui entrei, acabava-se a construção. Ao longe, a primeira visão do edifício, com a forma bizarra para a qual muito contribuem as duas torres piramidais e a bela cor do betão colorido a pigmento vermelho, já anunciava o espírito de uma obra que balança entre a brutalidade e a beleza. Depois, chegaram os desenhos, as gravuras e os quadros, pastéis e óleos, alguns deles os mais fortes e conhecidos da obra desta pintora que se tornou em 1990 Primeira Artista Associada da National Gallery de Londres. A primeira exposição, dedicada ao percurso artístico de Paula Rego ao longo dos últimos 50 anos, exemplifica bem a evolução da sua técnica e experimentação tal como a perenidade da sua inspiração. A força bruta e misteriosa das suas obras é imensa, de facto, como imenso é o poder de sedução das suas figuras domésticas ou infantis encenadas com alguma malícia ou mesmo muita perversidade. Quando os jornalistas lhe pedem que fale sobre os seus quadros, Paula Rego costuma por-se a contar histórias. Podem ser as que ouviu ou lembra da sua meninice mas também as que leu nas recolhas de contos populares portugueses de Leite de Vasconcelos e que tanto a influenciaram. "Não é preciso não ter medo"€, disse a pintora numa entrevista recente, desarmante como sempre. (...)
Entretanto, não faltam motivos para continuar a voltar. Além de uma cafetaria de solar esplanada e de uma loja deliciosa, com muitos produtos exclusivos e uma excelente secção de livros de arte, a Casa das Histórias oferece programas educativos para todos, miúdos ou graúdos. Existem visitas guiadas, com marcação prévia pelo telefone ou na recepção do Museu. E diversas actividades especiais como o evento "Conta-me Histórias" que, a partir da obra da pintora explora a literatura. Todos os fins-de-semana há também cinema no auditório, sempre às 17h00, especialmente documental. Palestras, encontros e conferências também são um convite para aqui regressar. E, nos fins de tarde de Verão, é na esplanada e nos jardins que se programam concertos e actividades. Muitos motivos e muitos acontecimentos, muitas visões e experiências sensoriais para que quem deixe a Casa de Paula Rego tenha sempre a sua história para contar.
2014-06-03