Está situado num dos pontos mais altos da cidade em frente à Basílica no largo da Estrela, e por essa razão desde a sua construção em meados séc. XIX o jardim ficou conhecido como Jardim da Estrela. Mais tarde, em homenagem ao poeta português, o jardim foi rebaptizado de Jardim Guerra Junqueiro mas são poucos os que o conhecem por este nome. Para muitos dos lisboetas que cruzaram parte, ou toda a sua vida neste jardim, ele será certamente o Jardim da Estrela. O jardim separa a zona do Rato da zona da Estrela sendo atravessado diariamente por milhares de pessoas que dividem a vida entre as duas zonas da cidade, sobretudo os estudantes do Pedro Nunes, o liceu que se encontra logo à saída da porta norte virada para a Av. Pedro Alvares Cabral.
Trata-se por isso de um jardim cheio de vida, que conheceu fases mais badaladas, é certo, outras mais ou menos dedicadas, mas manteve sempre uma vida muito própria, de um jardim que divide a agitação do dia-a-dia, com a magia de uma pequena floresta. É que dentro destes cinco hectares verdes, existem claramente duas realidades ou dois jardins. A realidade do passeio central que cruza o jardim em comprimento, e onde se encontra a maior parte das atracções: o lago principal com os seus vaidosos pavões, cisnes e patos do Egipto, o coreto, que em tempos fez parte do cenário do Passeio Público da Avenida da Liberdade e onde hoje, entre outros, serve de palco a concertos de Jazz em finas de tarde de Verão. O jardim infantil recentemente recuperado, onde nas manhãs solarengas de fim-de-semana as crianças fazem fila de espera para descer no "leão" um enorme escorrega, quem sabe também uma homenagem ao antigo " leão da Estrela", o mais sensacional atractivo que o jardim alguma vez teve, um verdadeiro leão trazido de África e oferecido ao jardim pelo explorador Paiva Raposo pouco depois da sua inauguração; e ainda a esplanada, os cafés e as feiras de antiguidades ou de artes artesanais de fim-de-semana.
Mas existe também o "outro lado do jardim" aquele que se percorre com mais cuidado como se estivessemos a desbravar uma floresta desconhecida. Apesar do trânsito e todo o pulsar da cidade estarem próximos das laterais, elas são a parte misteriosa do jardim. De manhã bem cedo sente-se o cheiro da terra molhada e das folhas calcadas no chão, de noite, percorrer os recantos do jardim da Estrela pode ser assustador, não pelo perigo, que hoje está bastante controlado, mas pelo silêncio, e pelas sombras das enormes árvores seculares que ganham formas de personagens gigantes, como nos contos infantis.
Por isso se entrar no jardim da Estrela, percorra o passeio central de um lado ao outro e encha-se de vida e alegria, mas não deixe de conhecer o outro lado do jardim. Melhor mesmo será voltar ao ponto de partida, virar as costas à Basílica e subir pelo caminho mais à esquerda, vai passar entre dois lagos e por várias estátuas. Quando voltar a descer e cruzar o portão norte do jardim, aproveite para beber água no bebedouro que se encontra logo aí, continue pelo mesmo caminho lateral, vai voltar a subir e se conseguir, suba mesmo ao miradouro de pedra. Daí terá uma visão completa dos lagos, das estátuas, do coreto, e da própria cidade. Quando voltar a descer ou antes de sair, já de frende para a Basílica, escolha a saída do portão esquerdo, sente-se confortavelmente numa cadeira e observe o magnífico tronco com galhos escorridos do choupo descomunal que tem à sua frente. Olhe-o como o melhor quadro do museu, ou a estrela deste jardim.
Rita Sousa Tavares
2017-05-25
Está situado num dos pontos mais altos da cidade em frente à Basílica no largo da Estrela, e por essa razão desde a sua construção em meados séc. XIX o jardim ficou conhecido como Jardim da Estrela. Mais tarde, em homenagem ao poeta português, o jardim foi rebaptizado de Jardim Guerra Junqueiro mas são poucos os que o conhecem por este nome. Para muitos dos lisboetas que cruzaram parte, ou toda a sua vida neste jardim, ele será certamente o Jardim da Estrela. O jardim separa a zona do Rato da zona da Estrela sendo atravessado diariamente por milhares de pessoas que dividem a vida entre as duas zonas da cidade, sobretudo os estudantes do Pedro Nunes, o liceu que se encontra logo à saída da porta norte virada para a Av. Pedro Alvares Cabral.
Trata-se por isso de um jardim cheio de vida, que conheceu fases mais badaladas, é certo, outras mais ou menos dedicadas, mas manteve sempre uma vida muito própria, de um jardim que divide a agitação do dia-a-dia, com a magia de uma pequena floresta. É que dentro destes cinco hectares verdes, existem claramente duas realidades ou dois jardins. A realidade do passeio central que cruza o jardim em comprimento, e onde se encontra a maior parte das atracções: o lago principal com os seus vaidosos pavões, cisnes e patos do Egipto, o coreto, que em tempos fez parte do cenário do Passeio Público da Avenida da Liberdade e onde hoje, entre outros, serve de palco a concertos de Jazz em finas de tarde de Verão. O jardim infantil recentemente recuperado, onde nas manhãs solarengas de fim-de-semana as crianças fazem fila de espera para descer no "leão" um enorme escorrega, quem sabe também uma homenagem ao antigo " leão da Estrela", o mais sensacional atractivo que o jardim alguma vez teve, um verdadeiro leão trazido de África e oferecido ao jardim pelo explorador Paiva Raposo pouco depois da sua inauguração; e ainda a esplanada, os cafés e as feiras de antiguidades ou de artes artesanais de fim-de-semana.
Mas existe também o "outro lado do jardim" aquele que se percorre com mais cuidado como se estivessemos a desbravar uma floresta desconhecida. Apesar do trânsito e todo o pulsar da cidade estarem próximos das laterais, elas são a parte misteriosa do jardim. De manhã bem cedo sente-se o cheiro da terra molhada e das folhas calcadas no chão, de noite, percorrer os recantos do jardim da Estrela pode ser assustador, não pelo perigo, que hoje está bastante controlado, mas pelo silêncio, e pelas sombras das enormes árvores seculares que ganham formas de personagens gigantes, como nos contos infantis.
Por isso se entrar no jardim da Estrela, percorra o passeio central de um lado ao outro e encha-se de vida e alegria, mas não deixe de conhecer o outro lado do jardim. Melhor mesmo será voltar ao ponto de partida, virar as costas à Basílica e subir pelo caminho mais à esquerda, vai passar entre dois lagos e por várias estátuas. Quando voltar a descer e cruzar o portão norte do jardim, aproveite para beber água no bebedouro que se encontra logo aí, continue pelo mesmo caminho lateral, vai voltar a subir e se conseguir, suba mesmo ao miradouro de pedra. Daí terá uma visão completa dos lagos, das estátuas, do coreto, e da própria cidade. Quando voltar a descer ou antes de sair, já de frende para a Basílica, escolha a saída do portão esquerdo, sente-se confortavelmente numa cadeira e observe o magnífico tronco com galhos escorridos do choupo descomunal que tem à sua frente. Olhe-o como o melhor quadro do museu, ou a estrela deste jardim.
Rita Sousa Tavares
2017-05-25