Na Casa do Alentejo cabe um pouco de tudo o que caracteriza a região do Sul do país. Os sabores, os saberes, os cantares. Além disso, o palácio que alberga a associação fundada em 1923 é uma mistura de estilos arquitectónicos de puro enleio para os olhos e a alma.
É fácil viver-se anos e anos na cidade de Lisboa e passar-se ao lado de muito do que se passa para trás de fachadas discretas em ruas agitadas, como é a do Coliseu dos Recreios. Pois a Casa do Alentejo é um bom exemplo. Aparência discreta e letreiro meio gasto escondem um palácio e uma associação cuja riqueza arquitectónica, cultural e social parece não ter fim.
Quando se cruza a porta do palácio Alverca, construído no século XVII, deparamo-nos com um imponente pátio de características árabes que nos transporta para uma cultura exótica. Até o chão esconde detalhes preciosos. Todo o pavimento está pulverizado de pequenos azulejos, cada um com um desenho diferente. Depois há um mundo a descobrir.
Pelas várias salas do palácio espalham-se diversas actividades. Existem dois grandes salões que deixam qualquer pessoa boquiaberta, principalmente para os amantes de Arte, pois aqui encontra-se uma mescla de estilos. Desde a Arte Nova, ao neo-romantismo, passando pelo neogótico, é o ecletismo no seu esplendor.
É nestes salões que têm lugar as actividades mais procuradas da Casa. Aos sábados, nas Tardes Alentejanas, assiste-se à actuação de grupos corais. Ao domingo a festa é rija. Às 15h30 começa o baile, frequentado por pessoas mais velhas que ali encontram um espaço de convívio e diversão. Outrora nestes salões funcionou o primeiro casino de Lisboa, o Magestic Club. As figuras sumptuosas e os motivos alusivos à luxúria e ao prazer ainda perduram nas paredes e tecto dos salões.
Já o restaurante é procurado pelos mais variados públicos. Ingredientes vindos directamente do Alentejo transformam-se nos pratos mais típicos da região. As salas de refeição são ornamentadas por admiráveis azulejos de Jorge Colaço. Ao lado, o bar leva-nos para uma qualquer tasca da região. Mobiliário típico, petiscos e vinho trazem um ambiente atractivo e não raras vezes torna-se ponto de encontro para estudantes.
Mas se hoje é a actividade cultural (exposições, loja de artesanato, biblioteca) que impera na Casa do Alentejo, quando foi criada há 85 anos o propósito era outro. Numa época em que muitos alentejanos viravam costas à terra natal em busca de uma vida melhor, era necessário prestar o apoio social que o Estado ainda não garantia. A associação tinha por isso escolas, posto médico, prestava apoio social às famílias e até tinha barbearia. Este cunho de apoio social foi perdendo-se à medida que o Estado foi ocupando esse papel.
Hoje, a Casa do Alentejo é isso mesmo: uma casa. Pelos seus corredores encontram-se muitas pessoas que ali descobrem um espaço de convívio, onde vão ler, ouvir música, dançar. Os espaços são ainda cedidos como cenários para cinema e publicidade e está previsto um ciclo que vai reunir todas as produções que tiveram o palácio como fundo.
Motivos não faltam para lisboetas e viajantes visitarem esta associação: seja pela beleza incomensurável do palácio, pelos sabores tradicionais do bar e restaurante, pela literatura especializada, pelo artesanato, pelas exposições ou pelos bailes animados, é garantido que vai surpreender-se.
2013-10-28
Na Casa do Alentejo cabe um pouco de tudo o que caracteriza a região do Sul do país. Os sabores, os saberes, os cantares. Além disso, o palácio que alberga a associação fundada em 1923 é uma mistura de estilos arquitectónicos de puro enleio para os olhos e a alma.
É fácil viver-se anos e anos na cidade de Lisboa e passar-se ao lado de muito do que se passa para trás de fachadas discretas em ruas agitadas, como é a do Coliseu dos Recreios. Pois a Casa do Alentejo é um bom exemplo. Aparência discreta e letreiro meio gasto escondem um palácio e uma associação cuja riqueza arquitectónica, cultural e social parece não ter fim.
Quando se cruza a porta do palácio Alverca, construído no século XVII, deparamo-nos com um imponente pátio de características árabes que nos transporta para uma cultura exótica. Até o chão esconde detalhes preciosos. Todo o pavimento está pulverizado de pequenos azulejos, cada um com um desenho diferente. Depois há um mundo a descobrir.
Pelas várias salas do palácio espalham-se diversas actividades. Existem dois grandes salões que deixam qualquer pessoa boquiaberta, principalmente para os amantes de Arte, pois aqui encontra-se uma mescla de estilos. Desde a Arte Nova, ao neo-romantismo, passando pelo neogótico, é o ecletismo no seu esplendor.
É nestes salões que têm lugar as actividades mais procuradas da Casa. Aos sábados, nas Tardes Alentejanas, assiste-se à actuação de grupos corais. Ao domingo a festa é rija. Às 15h30 começa o baile, frequentado por pessoas mais velhas que ali encontram um espaço de convívio e diversão. Outrora nestes salões funcionou o primeiro casino de Lisboa, o Magestic Club. As figuras sumptuosas e os motivos alusivos à luxúria e ao prazer ainda perduram nas paredes e tecto dos salões.
Já o restaurante é procurado pelos mais variados públicos. Ingredientes vindos directamente do Alentejo transformam-se nos pratos mais típicos da região. As salas de refeição são ornamentadas por admiráveis azulejos de Jorge Colaço. Ao lado, o bar leva-nos para uma qualquer tasca da região. Mobiliário típico, petiscos e vinho trazem um ambiente atractivo e não raras vezes torna-se ponto de encontro para estudantes.
Mas se hoje é a actividade cultural (exposições, loja de artesanato, biblioteca) que impera na Casa do Alentejo, quando foi criada há 85 anos o propósito era outro. Numa época em que muitos alentejanos viravam costas à terra natal em busca de uma vida melhor, era necessário prestar o apoio social que o Estado ainda não garantia. A associação tinha por isso escolas, posto médico, prestava apoio social às famílias e até tinha barbearia. Este cunho de apoio social foi perdendo-se à medida que o Estado foi ocupando esse papel.
Hoje, a Casa do Alentejo é isso mesmo: uma casa. Pelos seus corredores encontram-se muitas pessoas que ali descobrem um espaço de convívio, onde vão ler, ouvir música, dançar. Os espaços são ainda cedidos como cenários para cinema e publicidade e está previsto um ciclo que vai reunir todas as produções que tiveram o palácio como fundo.
Motivos não faltam para lisboetas e viajantes visitarem esta associação: seja pela beleza incomensurável do palácio, pelos sabores tradicionais do bar e restaurante, pela literatura especializada, pelo artesanato, pelas exposições ou pelos bailes animados, é garantido que vai surpreender-se.
2013-10-28