Ao passear pela movimentada Rua das Portas de Santo Antão deparamo-nos com a imponência do Coliseu dos Recreios não imaginando que paredes-meias com o mesmo podemos descobrir um mundo completamente diferente. Um mundo que relembra navegadores, exploradores e aventuras que só nos é revelado exteriormente pela grande placa que informa que naquele local se encontra a Sociedade de Geographia de Lisboa fundada em 1875.
Mas afinal o que é esta Sociedade já centenária? Ainda existe? Não resistimos à curiosidade e entramos. Qual não é o nosso espanto quando a azáfama da rua desaparece e somos "recebidos" pelo Infante D. Henrique, Pedro Alvares Cabral, Azurara, Fernão Lopes, Castanheda, João de Barros e pelo grande quadro de Veloso Salgado que retrata Vasco da Gama perante o Samorim. À esquerda entramos na Sala de Convívio dos Sócios e de Acolhimento de Investigadores, em tom esverdeado e revestida com painéis de madeira cuja mezzanine "convida" os sócios e seus acompanhantes a subir e a almoçar rodeados de mapas e gravuras de Lisboa, de outras épocas.
Somos então esclarecidos que a Sociedade de Geografia de Lisboa é uma sociedade científica criada por um grupo de ilustres subscritores que, a 10 de Novembro de 1875, requereu ao Rei D. Luiz a sua criação com o objectivo de promover e auxiliar o estudo e progresso das ciências geográficas e correlativas, em consequência do aumento do interesse dos países europeus pelo continente africano, nomeadamente as zonas interiores, que eram ainda pouco conhecidas, na segunda metade de oitocentos.
Só a partir de 1897 a Sociedade de Geografia de Lisboa ocupa o presente espaço.
A Sociedade propunha-se, e ainda hoje realiza, sessões, conferências, congressos científicos cujas informações seriam publicadas e disseminadas em arquivos, bibliotecas e museus.
No primeiro andar encontramos a Biblioteca, com um espólio bibliográfico composto por cerca de 62.000 obras, inúmeras revistas e aproximadamente 6.000 documentos manuscritos, sendo a mesma considerada imprescindível para o estudo da História dos Descobrimentos. Noutra sala, a Mapoteca com uma riquíssima colecção cartográfica, desde atlas, mapas e plantas, portuguesas e estrangeiras. Ainda a "Sala de Reuniões" da Direcção em cujas paredes se encontram os retratos a óleo dos seus Presidentes bem como o do Rei D. Luiz seu Protector e primeiro Presidente de Honra.
No segundo andar, considerado o andar nobre, temos várias salas: a "Sala Portugal", cujas dimensões, 50 metros de comprimento e 16 de largura, são admiráveis, destinada ao Museu Histórico e Etnográfico, grandes recepções e sessões solenes. O Museu contém objectos culturais originários da África Ocidental, Central, Oriental, Índia, China (incluindo Macau), Japão e Timor.
A "Sala Algarve", destinada a conferências e reuniões menos numerosas, encontrando-se ali as estátuas de Vasco da Gama, do Infante D. Henrique e de Camões, e vendo-se ao fundo um grande planisfério luminoso, com as rotas dos Descobrimentos seguidas pelos nossos navegadores, de 1482 a 1660, feito expressamente para a Exposição Internacional de Paris de 1931. Nesta sala foi fundado em 15 de Abril de 1903 o, então, Real Automóvel Club de Portugal.A "Sala da Índia" para além de vários portulanos, contém os retratos do Rei D. Carlos e da Rainha D. Amélia, com dedicatórias autografadas e um Escudo Nacional de madeira de teca, admiravelmente trabalhado. Dois armários guardam bandeiras de algumas expedições a África e várias peças de mobiliário indo-português.
Entre a "Sala Portugal" e a "Sala da Índia" encontra-se a "Sala dos Padrões" cujo acervo museológico é constituído por um conjunto de peças ligadas aos Descobrimentos Portugueses, destacando-se os padrões de pedra colocados na costa africana pelos nossos navegadores.
Igualmente de salientar é a publicação ininterrupta desde 1876 do Boletim da Sociedade, publicação de grande prestígio contando com colaboração nacional e estrangeira, ocupando-se de temas como a Expansão portuguesa, História, Antropologia e Etnografia, Ciências da Natureza.
Por todos estes "tesouros" e muitos mais a Sociedade de Geografia de Lisboa merece a sua visita.
Texto: Guilherme Abreu Loureiro (2006)
2014-06-06
Ao passear pela movimentada Rua das Portas de Santo Antão deparamo-nos com a imponência do Coliseu dos Recreios não imaginando que paredes-meias com o mesmo podemos descobrir um mundo completamente diferente. Um mundo que relembra navegadores, exploradores e aventuras que só nos é revelado exteriormente pela grande placa que informa que naquele local se encontra a Sociedade de Geographia de Lisboa fundada em 1875.
Mas afinal o que é esta Sociedade já centenária? Ainda existe? Não resistimos à curiosidade e entramos. Qual não é o nosso espanto quando a azáfama da rua desaparece e somos "recebidos" pelo Infante D. Henrique, Pedro Alvares Cabral, Azurara, Fernão Lopes, Castanheda, João de Barros e pelo grande quadro de Veloso Salgado que retrata Vasco da Gama perante o Samorim. À esquerda entramos na Sala de Convívio dos Sócios e de Acolhimento de Investigadores, em tom esverdeado e revestida com painéis de madeira cuja mezzanine "convida" os sócios e seus acompanhantes a subir e a almoçar rodeados de mapas e gravuras de Lisboa, de outras épocas.
Somos então esclarecidos que a Sociedade de Geografia de Lisboa é uma sociedade científica criada por um grupo de ilustres subscritores que, a 10 de Novembro de 1875, requereu ao Rei D. Luiz a sua criação com o objectivo de promover e auxiliar o estudo e progresso das ciências geográficas e correlativas, em consequência do aumento do interesse dos países europeus pelo continente africano, nomeadamente as zonas interiores, que eram ainda pouco conhecidas, na segunda metade de oitocentos.
Só a partir de 1897 a Sociedade de Geografia de Lisboa ocupa o presente espaço.
A Sociedade propunha-se, e ainda hoje realiza, sessões, conferências, congressos científicos cujas informações seriam publicadas e disseminadas em arquivos, bibliotecas e museus.
No primeiro andar encontramos a Biblioteca, com um espólio bibliográfico composto por cerca de 62.000 obras, inúmeras revistas e aproximadamente 6.000 documentos manuscritos, sendo a mesma considerada imprescindível para o estudo da História dos Descobrimentos. Noutra sala, a Mapoteca com uma riquíssima colecção cartográfica, desde atlas, mapas e plantas, portuguesas e estrangeiras. Ainda a "Sala de Reuniões" da Direcção em cujas paredes se encontram os retratos a óleo dos seus Presidentes bem como o do Rei D. Luiz seu Protector e primeiro Presidente de Honra.
No segundo andar, considerado o andar nobre, temos várias salas: a "Sala Portugal", cujas dimensões, 50 metros de comprimento e 16 de largura, são admiráveis, destinada ao Museu Histórico e Etnográfico, grandes recepções e sessões solenes. O Museu contém objectos culturais originários da África Ocidental, Central, Oriental, Índia, China (incluindo Macau), Japão e Timor.
A "Sala Algarve", destinada a conferências e reuniões menos numerosas, encontrando-se ali as estátuas de Vasco da Gama, do Infante D. Henrique e de Camões, e vendo-se ao fundo um grande planisfério luminoso, com as rotas dos Descobrimentos seguidas pelos nossos navegadores, de 1482 a 1660, feito expressamente para a Exposição Internacional de Paris de 1931. Nesta sala foi fundado em 15 de Abril de 1903 o, então, Real Automóvel Club de Portugal.A "Sala da Índia" para além de vários portulanos, contém os retratos do Rei D. Carlos e da Rainha D. Amélia, com dedicatórias autografadas e um Escudo Nacional de madeira de teca, admiravelmente trabalhado. Dois armários guardam bandeiras de algumas expedições a África e várias peças de mobiliário indo-português.
Entre a "Sala Portugal" e a "Sala da Índia" encontra-se a "Sala dos Padrões" cujo acervo museológico é constituído por um conjunto de peças ligadas aos Descobrimentos Portugueses, destacando-se os padrões de pedra colocados na costa africana pelos nossos navegadores.
Igualmente de salientar é a publicação ininterrupta desde 1876 do Boletim da Sociedade, publicação de grande prestígio contando com colaboração nacional e estrangeira, ocupando-se de temas como a Expansão portuguesa, História, Antropologia e Etnografia, Ciências da Natureza.
Por todos estes "tesouros" e muitos mais a Sociedade de Geografia de Lisboa merece a sua visita.
Texto: Guilherme Abreu Loureiro (2006)
2014-06-06